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O Papel Transformador das Escolas na Luta contra o Discurso de Ódio

O genocídio de cerca de 6 milhões de judeus promovido pelo regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial é considerado um dos episódios mais funestos da nossa história. Tragédias como essa deixam uma marca profunda na humanidade. O sentimento de indignação, tristeza e luto coletivo permanece, apesar do esforço de setores extremistas em minimizar os efeitos seríssimos que foram causados à sociedade.

Em 2018, um grupo de brasileiros contestou a existência do Holocausto e rebateu nas redes sociais um vídeo divulgado pela embaixada alemã, alegando que as informações publicadas ali eram inverídicas e que o nazismo seria uma ideologia criada pela esquerda. E fatos como esse estão longe de serem eventos isolados. 

Para se ter uma ideia, menos da metade dos jovens de 16 a 25 anos, na Alemanha, são capazes de dizer corretamente qual foi o período exato do regime nazista no país, conforme um estudo conduzido pela Universidade de Bielefeld, divulgado neste ano.

Na Áustria, um levantamento feito pela associação judaica Jewish Claims Conference ouviu mil austríacos com mais de 18 anos, em 2019. A pesquisa enfocou o conhecimento e a conscientização sobre o Holocausto, o papel da Áustria e sua anexação pela Alemanha nazista, bem como opiniões sobre o neonazismo e o antissemitismo e a educação sobre o Holocausto nas escolas. O resultado foi estarrecedor: o principal campo de concentração nazista na Áustria ficava em Mauthausen, perto de Linz, mas 42% dos entrevistados disseram nunca terem ouvido falar nele. E, pasmem, 21% não sabiam que Adolf Hitler nasceu na Áustria.

Fora da Europa, quase dois terços dos jovens adultos norte-americanos não sabem quantos judeus foram exterminados durante o Holocausto, e um em cada 10 acredita que os judeus foram os responsáveis pelo Holocausto. Pior: quase um quarto dos entrevistados (23%) disse que o Holocausto é um mito ou que a forma como é apresentado é exagerada, enquanto um em cada oito (12%) disse que nunca ouviu falar do Holocausto. Esses são alguns dos resultados de uma pesquisa encomendada pela Conferência para Reivindicações Materiais Judaicas contra a Alemanha, divulgada em 2020.

O papel das escolas

Estudos e pesquisas como essas ressaltam a importância da educação sobre o Holocausto nas escolas. A abordagem educacional sobre esse tenebroso momento coletivo precisa promover uma análise crítica sobre o passado com o objetivo de evitar que esses crimes voltem a ocorrer. 

Compreendendo o período em que vivemos, os alunos do 9º Ano do Colégio Augusto Laranja assistiram a um documentário que narra os horrores da Segunda Guerra. Além de aprofundar os conhecimentos na disciplina de História, os estudantes tiveram a oportunidade de entender as implicações de discursos de ódio, conectando esses eventos históricos com o presente.

Convidamos três de nossos alunos a refletir sobre a sessão. Mariana falou sobre a importância de entender as razões e o processo que culminou na guerra para que isso não se repita. Ela ressaltou também a possibilidade de conectar as informações do filme com outras matérias, como a Arte, uma vez que o nazismo também tinha uma forte estética e utilizava a Arte para comunicar o seu discurso de ódio. A Luísa concluiu que entender o passado é fundamental para compreendermos também o presente e o futuro. Já o Henrique pontuou a respeito da intolerância do nazismo, que foi também a razão pela qual a Alemanha foi transformada em uma máquina de guerra para impor a ideologia por toda a Europa. Ele também identificou a natureza do discurso de ódio, que é sempre direcionado a um grupo de pessoas e como suas consequências podem ser fatais.

Pesquisadores e estudiosos não têm dúvidas de que quem se informa sobre privação de direitos e perseguição é mais permeável a valores empáticos e à solidariedade entre os povos, além de valorizar ideais democráticos. Nosso futuro, como sociedade, depende disso.

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Prof. Henrique Pacini

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